Entrevista: A Evolução da Experiência Gamer com as Tecnologias Avançadas da NVIDIA, com Alexandre Ziebert.


Nesta fascinante entrevista, exploraremos o universo do hardware e da inovação tecnológica com Alexandre Ziebert, um profissional com uma jornada notável que desempenha um papel crucial na NVIDIA, uma das gigantes da indústria de tecnologia. Ao longo do diálogo, Ziebert compartilha sua visão sobre as linhas de placas de vídeo da NVIDIA, desde o passado até as inovações mais recentes. Exploramos as tecnologias como Ray Tracing, DLSS, Super Resolution, e outras, revelando como elas continuam a aprimorar a experiência do gamer.

O Benchmarker: Conte um pouco da sua jornada dentro do mundo do hardware, até à sua chegada na NVIDIA.

Alexandre Ziebert: Eu já era “mexânico” de PCs e rato de grupos de discussão desde antes dos anos 2000, em 2006 comecei a trabalhar de fato na área como reviewer no finado forumpcs. Em 2011 fui chamado para trabalhar na Asus, já em Technical Marketing e desde 2013 estou na NVIDIA cuidando de toda a América Latina.

O Benchmarker: Explique as diferenças entre as famílias de placas de vídeo para end-user, como GTX, RTX e Quadro. Para quem elas são indicadas?


Alexandre Ziebert: Há pouco saiu a notícia que vamos descontinuar a família GeForce GTX, então de agora em diante toda GeForce será RTX, capaz de executar Ray Tracing em tempo real e acelerar tarefas de Inteligência Artificial. 

Mas voltando um pouquinho no tempo, além das GTX também havia as GeForce GT para Desktop e GeForce MX para notebook como opções de entrada, oferecendo aceleração para tarefas básicas como assistir vídeos e navegar pela internet, desafogando a CPU dessas tarefas; além de jogos leves como um CSGO ou LOL. Até a chegada das GeForce RTX, as GeForce GTX eram o carro chefe da marca e era nela que se encontravam as placas mais potentes para jogos. Desde o lançamento das GeForce GTX Série 16, a família GTX foi posicionada como linha gamer de entrada.

Já as Quadro, que nem se chamam mais assim, hoje em dia são conhecidas apenas como “NVIDIA RTX”, servem ao público profissional, tendo vocação especial para desenho peças e projetos (CAD) e, claro, Inteligência Artificial.

Gostaria de citar também um terceiro segmento, anteriormente conhecido como Tesla, que agora são simplesmente chamadas de “NVIDIA Tensor Core GPU”, que são as placas para servidores e tocam basicamente tudo que se conhece hoje de AI na nuvem.

O Benchmarker: De uma perspectiva do gamer, como a NVIDIA está aprimorando a experiência do jogo?

Alexandre Ziebert: Hoje, usando todas suas tecnologias, jogar com uma placa de vídeo NVIDIA significa obter melhor qualidade de imagem, mais FPS e um melhor tempo de resposta.

O Benchmarker: A NVIDIA sempre esteve na liderança para desenvolver tecnologias para o gamer. Temos alguns exemplos do passado e atuais, como o NVIDIA 3D Vision e as GPUs RTX. De onde vem toda essa liderança em gaming?

Alexandre Ziebert: Apesar de ser líder do segmento, a NVIDIA sabe que se não inovar o mercado acabará se comoditizando, então foca em oferecer recursos exclusivos e está sempre pesquisando e experimentando com novas tecnologias. Para isso, além de um excelente time de engenheiros, a NVIDIA conta com um departamento de pesquisa composto por algumas das mentes mais brilhantes do planeta. É de lá que saiu o DLSS; o ReSTIR, serviu como base resolver o desafio de rodar Path Tracing em tempo real e coisas que ainda estão por vir de forma comercial, como um sistema de compressão de texturas baseado em IA que permite armazenar 16x mais texturas numa determinada quantidade de memória.

O Benchmarker: Onde entra a IA dentro do game? Como a NVIDIA usou essa tecnologia a seu favor?

Alexandre Ziebert: Atualmente o principal uso de IA em jogos é o DLSS, oferecendo mais desempenho e qualidade de imagem. 

O Benchmarker: Conte um pouco sobre o DLSS. Como a IA está ajudando a NVIDIA a oferecer uma experiência visual incrível para o gamer? Qual o tamanho da biblioteca de games compatíveis?

Alexandre Ziebert: O DLSS usa Inteligência Artificial para dar mais desempenho e qualidade de imagem nos jogos. Recentemente (agora em dezembro) cruzamos a marca de 500 jogos e aplicações aceleradas por RTX e o ritmo de adoção não diminui, praticamente todo jogo novo tem DLSS.

O Benchmarker: Como funciona o Ray Tracing?


Alexandre Ziebert: Ray Tracing é uma técnica que simula de forma fisicamente correta o comportamento da luz dentro do jogo, como no mundo real. Isso remove uma série de limitações encontradas pelos desenvolvedores até então, permitindo criar sombras, reflexos e sistemas de iluminação global dinâmicos e corretos, o que proporciona gráficos muito mais realistas.

O Benchmarker: O que é Ray Reconstruction?

Alexandre Ziebert: Esse é uma adição recente (surgiu no DLSS 3.5) ao leque de recursos que a NVIDIA oferece para desenvolvedores e gamers. É uma tecnologia que usa Inteligência Artificial para identificar “ruído” e reconstruir o resultado desejado do processo de Ray Tracing como se fosse possível usar muito mais poder computacional no processo. Isso melhora a definição de reflexos gerados por Ray Tracing, por exemplo, além de garantir uma iluminação global mais correta, principalmente em jogos que usam Path Tracing (o chamado Ray Tracing Completo, onde não existe mais rasterização, tudo que se vê na tela é resultado do traçado de raios), como Cyberpunk 2077 no modo RT Overdrive, Alan Wake 2, ou jogos baseados no NVIDIA RTX Remix, como Portal RTX.

O Benchmarker: Como funciona o Super Resolution e o Deep Learning Anti-Aliasing?

Alexandre Ziebert: DLSS Super Resolution é o modo clássico de upscaling oferecido pelo DLSS desde a versão 2.0. A imagem do jogo é processada em uma resolução menor, como 1440p ou 1080p; portanto se obtém mais desempenho, depois é reconstruída na resolução desejada (como 4K) usando inteligência artificial. O resultado são imagens de altíssima qualidade, em muitos casos melhores até do que as imagens processadas em resolução nativa; e muito mais quadros por segundo!

Deep Learning Anti Aliasing, ou simplesmente DLAA, usa a IA do DLSS Super Resolution porém sem realizar upscalling, atuando apenas como Anti Aliasing. É um modo que não oferece ganho de performance porém tem a melhor qualidade de imagem, pois a IA substitui o AA nativo do jogo e consegue reconstruir com melhor qualidade detalhes de sub-pixel (menores que 1 pixel) como vegetação, cabelo e objetos distantes.

O Benchmarker: O que é o Frame Generation e como funciona?

Alexandre Ziebert: Foi introduzido no DLSS 3.0 e segue exclusivo das GeForce RTX Série 40 (embora adições posteriores, como o Ray Reconstruction do DLSS 3.5 funcione em qualquer RTX). É uma tecnologia que multiplica a taxa de quadros por segundo do jogo, gerando imagens completamente novas a partir de imagens existentes. Faz isso de forma semelhante, em conceito, aos sistemas de interpolação de quadros das TVs, porém com resultados muito melhores pois conta com informações adicionais do engine do jogo como Motion Vectors e Depth Buffers, além disso, as GPUs com arquitetura Ada Lovelace tem um poderoso Optical Flow Accelerator (com poder de processamento equivalente a 600 TERAFLOPS) para analisar os quadros e instruir a IA a gerar as novas imagens. Finalmente, graças à tecnologia NVIDIA REFLEX, ao usar o Frame Generation se obtém um tempo de resposta ainda mais baixo que com todas as tecnologias desligadas, evitando o temido input lag.

O Benchmarker: Você enxerga um futuro da IA em que a interação com um NPC mude completamente, podendo conversar e até elevar a dificuldade de um game? Por exemplo: interagir de maneira diferente com a torre de controle e tráfego aéreo no Flight Simulator, ou com a equipe no Fórmula 1 para ter informações sobre telemetria ou previsão do tempo.

Alexandre Ziebert: A NVIDIA já demonstrou tecnologias para criação de NPCs totalmente interativos (que não dependem de árvores de diálogo e frases pré-gravadas como os atuais), baseados em modelos de linguagem natural. É o NVIDIA ACE (Avatar Cloud Engine). 


O Benchmarker: Como está a relação desempenho entre uma placa de vídeo de desktop para notebook (mesmo modelo)?

Alexandre Ziebert: Vivemos em um mundo “pós Lei de Moore”, assim mesmo quando há novos processos de fabricação de chips, que permitem integrar mais transistores na mesma área, estes oferecem pouca ou nenhuma redução no consumo. Apesar disso tudo, com avanços na arquitetura Ada, a NVIDIA conseguiu melhorar tanto a eficiência energética das GPUs que com uma pequena redução de desempenho se consegue uma enorme redução no consumo de energia. Essa é a filosofia Max-Q, que busca o ponto de máxima eficiência, o que permite construir notebooks de alto desempenho em formatos finos e leves. Acho que a discussão não é tanto sobre a diferença de desempenho entre desktop e notebook, que sempre vai existir, pelo simples fato das diferenças físicas de espaço e energia disponíveis; mas de obter o máximo desempenho dentro dessas limitações. E nisso as GeForce RTX Série 40 estão muito à frente de qualquer alternativa, mesmo versus outras plataformas.


O Benchmarker: Como o GeForce Experience avalia todas as variáveis de um jogo e um PC para encontrar a melhor configuração? Recomenda para todos?

Alexandre Ziebert: O time que cuida do recurso das configurações otimizadas do GeForce Experience modelou as diferenças de desempenho entre todas as GPUs NVIDIA atuais; assim para determinar os ajustes ótimos para um jogo novo, por exemplo, testa-se o desempenho base em uma determinada GPU de referência, depois avaliam o impacto em desempenho e qualidade de imagem de cada ajuste do jogo, esses dados então são servidos a uma IA que consegue determinar quais são os ajustes ótimos de acordo com um desempenho alvo específico (como 1080p a 60fps, por exemplo) para cada GPU.

Isso é um recurso valiosíssimo e é uma mão na roda mesmo para usuários avançados, pois já dá uma boa ideia do que fazer para ter uma ótima experiência de jogo, mesmo sem nenhum contato prévio com um determinado jogo ou GPU.

O Benchmarker: Você pode recomendar uma placa de vídeo de entrada, intermediária e uma high-end?

Alexandre Ziebert: Atualmente, como já temos RTX em todos os segmentos, minha opção de entrada seria a GeForce RTX 3050, que permite jogar tranquilamente qualquer jogo em 1080p a 60fps, tipicamente com detalhes em High, e é capaz de enfrentar mesmo jogos com Ray Tracing, graças ao DLSS.

Minha opção intermediária seria a GeForce RTX 4060 Ti, uma GPU fortíssima, que encara qualquer jogo com detalhes no máximo em Full HD.

E como High-End fico entre a GeForce RTX 4070Ti, que toca tudo no máximo em 1440p (minha resolução favorita) ou a RTX 4080, para quem quer tankar um 4K.

O Benchmarker: Qual é o seu SETUP?

Alexandre Ziebert: É bem estranho :D Uso uma GeForce RTX 2070 Founders Edition, especificamente, porque conta com uma porta DVI para o meu monitor secundário (1080p basiquinho) e uma porta USB-C de alta velocidade, que pra mim é super útil. Meu monitor principal é um Acer Predator 27” 1440p 165Hz com painel IPS. O resto da máquina é um Core i7 8700k, 32GB de RAM e um SSD m.2 nvme de 1TB. Com duas meninas pequenas, não tenho muito tempo para jogar, mas o PC rodou o novo Forza Motorsport cravadinho a 60fps, então estou satisfeito.

O Benchmarker: Qual é o seu jogo favorito?

Alexandre Ziebert: Mass Effect!!

O Benchmarker: Quais são as marcas oficiais no Brasil?

Alexandre Ziebert: De fabricantes de placas de vídeo NVIDIA? Você pode encontrar a lista de fabricantes autorizados clicando aqui.

O Benchmarker: Onde o meu leitor pode encontrar uma loja oficial para comprar a sua placa de vídeo ou o seu notebook gamer?

Alexandre Ziebert: A NVIDIA lançou recentemente uma Loja Oficial GeForce bem como lojas oficiais dentro do Mercado Livre e Amazon, que concentram ofertas de Placas de Vídeo, Computadores Desktop completos, Notebooks e monitores com tecnologia NVIDIA G-SYNC.

Conclusão

Na conclusão desta entrevista com Alexandre Ziebert, fica evidente o papel crucial da NVIDIA na moldagem do futuro do gaming. A trajetória profissional de Ziebert, desde os primórdios como "mexânico" de PCs até seu papel estratégico na NVIDIA, ilustra o compromisso da empresa com a inovação constante. Ao desvendar as tecnologias avançadas, como Ray Tracing, DLSS, Super Resolution e muito mais, Ziebert oferece uma visão única sobre como a NVIDIA está na vanguarda da revolução tecnológica no universo dos jogos.

A busca incessante por qualidade, desempenho e experiências imersivas é evidente nas explicações de Ziebert sobre os recursos pioneiros da NVIDIA, como o Frame Generation e o Ray Reconstruction. A convergência da inteligência artificial com o gaming, especialmente através do DLSS, destaca-se como um marco significativo, proporcionando não apenas melhor desempenho, mas também uma qualidade visual extraordinária.

Além disso, a visão de Ziebert sobre o potencial da IA na interação com NPCs sugere um futuro onde os jogos não apenas deslumbrarão visualmente, mas também oferecerão narrativas mais dinâmicas e envolventes. O compromisso da NVIDIA com a inovação é reforçado pelo GeForce Experience, uma ferramenta que otimiza automaticamente as configurações de jogos para garantir uma experiência ideal, incorporando a inteligência artificial de maneira prática.

À medida que nos despedimos dessa conversa esclarecedora, é evidente que a NVIDIA continua a ser uma força motriz no cenário de gaming, liderando não apenas em termos de hardware poderoso, mas também de tecnologias revolucionárias. Agradecemos a Alexandre Ziebert por compartilhar sua experiência e insights, proporcionando uma visão fascinante do futuro emocionante que nos aguarda no mundo do gaming, impulsionado pelas inovações da NVIDIA.
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