Games: Review do Marvel's Spider Man 2 - A Experiência Definitiva dos Jogos do Homem-Aranha

 


Introdução

Marvel's Spider-Man foi uma franquia que me conquistou muito por acaso ainda no PS4. Eu havia acabado de comprar um PS4 novo (pois meu antigo teve um problema irrecuperável) e coincidiu com o lançamento. Vi na prateleira da loja e pensei: bom, já to ferrado mesmo! E peguei o jogo do teioso. Imediatamente me apaixonei por cruzar Nova Iorque em alta velocidade e combater os vilões do meu super-herói favorito. Com Miles Morales, eu tive um sabor agridoce. Achei ele um jogo mais bem resolvido que o primeiro, porém curto demais. Sucinto, da melhor forma, mas ainda assim curto. A barra de qualidade permanecia alta. Quando anunciaram Marvel's Spider-Man 2, logo com o Venom no primeiro teaser, eu fiquei maluco e sabia que essa seria a experiência definitiva.


Marvel's Spider-Man 2 começa de forma fulminante, quase que numa corrida pela pole position em uma Fórmula 1, resgatando todos os conceitos dos últimos jogos em alta velocidade e combates frenéticos, enquanto você enfrenta o Homem-Areia "Flint Marko". E já de cara, o jogo mostra a que veio. A quantidade de partículas nessa luta é insana, e já coloca a prova, em menos de 10 minutos de gameplay, que esse não é um jogo que rodaria no antigo PS4. Além disso, você é frequentemente arremessado não a ruas, mas sim a quarteirões de distância, atravessando prédios e carregando novas áreas da cidade de forma praticamente instantânea. É um show de qualidade técnica pra já mostrar a que veio.

A história segue alguns meses após os eventos de Spider-Man Miles Morales, com Peter e Miles trabalhando juntos como a dupla de Spider-Man, enquanto lidam com suas vidas pessoais, empregos, relacionamentos, faculdade, dentre outras questões.

O Simbionte



Como já foi mostrado nos trailers, o simbionte intensifica as habilidades físicas dos seus hospedeiros, mas também passa a controlar suas mentes incentivando seus lados mais agressivos e negativos. O traje é bem diferente do mostrado nos filmes, uma vez que ele não parece um tecido, mas sim uma gosma que envolve o traje do aranha. Absolutamente medonho e asqueroso, ele realmente parece um organismo vivo, pois nas cutscenes com closes, é possível ver a superfície do traje se movendo e pulsando. Ele sofre mutações conforme se adapta às habilidades do seu hospedeiro, então é possível ter uma noção visual do quanto ele está exercendo sua influência. Não vou me aprofundar por questões de spoilers, mas é realmente a forma mais aterrorizante que já vi do simbionte.

O Vilão

Como os outros jogos do Spider, vários vilões compõem o elenco dessa vez. Alguns com mais tempo de tela e importância do que outros, mas certamente você se recordará de cada um deles em seus momentos específicos. Inclusive, como os trailers já mostraram, temos novas sequências muito importantes envolvendo Martin Li e Miles, que culminam em cenas emocionalmente intensas, dada a história que ambos compartilham. No entanto, um vilão se destaca de forma muito intensa: Kraven, o caçador.


Kraven se estabelece como o principal vilão por cerca de 70% da história, uma vez que vai para Nova Iorque em busca de sua caçada ideal. Ele é incrivelmente grande e hostil como uma fera selvagem, mas friamente contido e estrategista como um general de guerra. Como vilão, ele é o mais imponente até então. Sua presença causa medo não somente nos personagens, mas no próprio jogador, por ser absolutamente imprevisível e monstruosamente forte. Um medo que quase remete ao que sentimos constantemente em The Last of Us Parte II. Motivações e história não serão citadas aqui por questão de spoilers, porém ele é, até agora, o vilão mais intenso da franquia.


Seu destaque somente deixa de brilhar quando o tão esperado simbionte toma a forma de Venom e passa a aterrorizar a cidade. Assumindo a motivação mais negativa de seu hospedeiro final, ele se torna o inimigo mais incrível já enfrentado na franquia, tanto em termos audiovisuais, quanto em diversidade de luta e sessões de gameplay. Ele é enorme, asqueroso e brutal, da forma que realmente deve ser.

Gameplay e Aspectos Técnicos


O sistema de batalha é essencialmente o mesmo, porém muito aprimorado com novos golpes, gadgets e mecânicas. As principais adições são o traje avançado de Peter (com as garras metálicas) e as web wings, que permitem que o cabeça de teia plane no ar e pegue carona nos túneis de vento pela cidade. A travessia foi bastante aprimorada e agora é mais rápida do que nunca. Prédios, além de contarem com Ray Tracing, agora também revelam os interiores dos apartamentos de forma detalhada e tridimensional, com NPCs fazendo ações como assistir TV, ouvir música, dançar etc. A cidade parece, como um todo, muito mais viva, e a adição dos bairros após a ponte do Brooklyn tornam essa experiência ainda mais real. O Queens é uma das áreas mais bonitas do jogo inteiro, e é legal ver o local onde Peter cresceu com mais detalhes.




Agora, Peter e Miles possuem suas próprias árvores de habilidades. Peter possui upgrades nas áreas de tecnologia e simbionte, enquanto Miles concentra suas habilidades em seu poder elétrico. Há uma terceira árvore de habilidades comum a ambos, que concentram golpes como aparadas, puxões, arremessos e travessia, sendo coisas que ambos os Spider possuem em seu arsenal. Além disso, os upgrades de traje também valem para ambos, sejam de movimentação, saúde, dano ou outros. Agora, cada upgrade requer fichas específicas de atividades específicas pela cidade.



Sobre essas atividades, as fotografias de pontos icônicos estão de volta, e agora revelam muitos lugares escondidos e curiosidades legais sobre a cidade, o que mostra o dedo cuidadoso da Insomniac nos pequenos detalhes dessa recriação de Nova Iorque. Ainda temos as batalhas de esconderijo e as coletas de equipamentos, mas tudo parece mais divertido e menos maçante de ser feito. Além disso, várias dessas missões de coleta secundárias liberam fragmentos importantes da história, especialmente sobre o Prowler e o Homem-Areia, além de resgatar algumas ações do grupo da Tinkerer. Há também side-quests emotivas, dando destaque à do Howard (aquele cara que ficava com os pombos no telhado do primeiro game), mas que perdem a chance de se aprofundar um pouco mais.

O jogo atualmente conta com 2 modos gráficos: Fidelidade, que procura manter a resolução e qualidade de imagem no máximo buscando os 30fps; e Desempenho, que utiliza de recursos de upscale para reproduzir 60fps enquanto mantém recursos de Ray Tracing. Eu particularmente joguei no modo desempenho que, mesmo sacrificando a resolução nativa, se manteve absolutamente lindo e estável. Um show de otimização, ainda mais considerando os baixíssimos tempos de loading. Inclusive, o fast travel realmente é rápido como dizem. Para acessá-lo, é necessário cumprir alguns requisitos em cada distrito. Depois disso, basta selecionar o local que deseja ir, segurar o botão até a barrinha confirmar, e sair se balançando.

Segundo testes, a barrinha de confirmação não esconde um loading. Esse se dá após a confirmação, onde a câmera se aproxima dos prédios na área selecionada e transaciona para a gameplay de forma quase instantânea, levando cerca de 1,33 segundos no total. Nem todos os pontos, milimetricamente falando, podem ser acessados para viagem rápida, mas praticamente todos os cruzamentos podem. É possível ver que ao selecionar um ponto fora do previsto, o cursor se ajusta levemente para um cruzamento, mas ainda é bem imperceptível e mantém o alto número de destinos possíveis.

Trajes e Easter Eggs

Temos novamente uma boa gama de trajes para serem desbloqueados. No entanto, agora eles exigem vários requisitos específicos e não concedem tantas novas habilidades como ocorria no primeiro jogo. Eles também se encontram em maior número que anteriormente, além do fato de termos uma página de trajes para cada personagem. Uma boa novidade é que cada traje possui várias customizações de cores distintas. Infelizmente são cores pré-determinadas, mas dá um nível de personalização bem legal aos personagens.

Além disso, é possível encontrar alguns easter eggs no mapa e até mesmo realizar alguns em conjunto com o outro Spider, como o famoso meme dos Spider-Man apontando uns para os outros. Temos personagens icônicos da Marvel fazendo aparições através de recados, a Torre dos Avengers e até mesmo o Sanctum Sanctorum marcando presença entre as passagens da história. Há uma clara tentativa de instigar os fãs a criar teorias de quais personagens podemos ver no futuro da série.

Além disso, temos também missões para encontrar vários Spider-Bots estranhos pela cidade, e cada um é caracterizado baseado em um personagem diferente da Marvel, desde vários Spider-Man diferentes, chegando até outros heróis e vilões relacionados. Essa é uma das missões de coleta de mundo aberto, mas é bem ligeira e tranquila de se fazer, pois não envolve grandes multidões de inimigos para ser completada.

IA e Trailers Antigos

O último trailer do jogo no Playstation Showcase levantou muitas dúvidas em relação à inteligência artificial do game ser muito lenta ou quase inexistente, ao ponto de os inimigos esperarem um aliado ser derrotado para, somente então, atacar. Nós gravamos o mesmo trecho de gameplay, jogando no modo normal de dificuldade, para comparação e a diferença é brutal. Os inimigos são muito mais numerosos e intensos, não somente nessa parte, mas no jogo inteiro. É um jogo que não está um passeio no parque. Por mais que minhas habilidades como jogador não sejam as melhores, minha experiência dos jogos passados me dá a possibilidade de afirmar que temos muito mais inimigos nesse jogo, muito mais fortes e muito mais coordenados.

Em questão de gráfico, o jogo também está mais polido, principalmente nas interações com o simbionte no corpo de Peter, onde ele não parece "sair do nada" em seus membros, e permanece em constante mutação, o que se torna visível a cada cena do aranha revoltado. Cenas como o jipe quebrando as janelas de um prédio permanecem com a física um pouco duvidosa, mas os efeitos de estilhaços e partículas melhoraram muito. Talvez o que menos teve avanço seja o aspecto técnico da água, que se manteve um pouco estranha e sem volume na cena em que os Spider mergulham. No entanto, a chuva se estabelece como um dos climas mais bonitos e trabalhados do jogo, pois há a intensidade dos pingos mesclada aos detalhes de reflexo das poças no asfalto.




Dá pra dizer, com tranquilidade, que o trailer usava uma build antiga e diferente do game, inclusive pois a transição do spider surgindo e vestindo o simbionte é diferente da utilizada no jogo final, em que ele já está usando o traje desde o início da cena. O processo de vestimenta do traje permanece parecido, com uma forma bizarra cobrindo o corpo e se adaptando segundos depois, mas até aqui, tudo normal.

Bugs

Existem bugs visuais no jogo, mas coisas que são bastante passáveis. Inimigos que, após derrotados, ficam tremendo no chão; alguns objetos que, após uma grande confusão entre Spiders e ladrões, acabam flutuando no local; algumas colisões inexistentes entre personagens, mas nada que realmente desabone o game. Alguns são engraçados, outros são apenas detalhes. Nada que quebre a imersão de fato, pois durante minha gameplay esses momentos foram particularmente raros. No entanto, vale notar que eu tive alguns bugs de progressão também.

Em um deles, devido à velocidade que eu estava, eu caí muito à frente do personagem que daria início à cena e o boneco parou de me responder. O jogo não travou, apenas parou de aceitar os comandos de movimento. Em outro bug, houve uma cena em câmera lenta que indicava um novo comando para ser usado, e se eu esperasse que a cena pausasse como um todo antes do ataque inimigo, o jogo simplesmente não aceitava o comando e a progressão travava. No entanto, em ambos os casos eu simplesmente recarreguei o último ponto de controle (que eram literalmente segundos antes dos bugs) e consegui resolver. Tive também um único crash logo na cena de créditos do jogo, e quando recarreguei, o áudio da cena perdeu sincronia, mas também foi algo pontual que não afetou o restante do jogo posteriormente. Não perdi save, não corrompeu dados, nada. Lógico que isso é um ponto negativo, pois com certeza existem outros bugs do tipo em outras missões, mas não é grave e provavelmente será corrigido nos próximos patches de atualização.

Uma questão que não sei dizer se é bug ou limitação técnica derivada do mapa em tempo real nos menus, mas a taxa de frames cai drasticamente toda vez que resolvo abrir os menus, independente de acessar o mapa ou as árvores de habilidade. Não atrapalha em nada na jogabilidade em si, mas causa uma certa estranheza na jogatina, principalmente se você estiver jogando no modo desempenho a 60fps.

História e Ritmo

A história é eletrizante do começo ao fim. Tive a sensação de jogar praticamente o jogo inteiro na ponta da cadeira. Existem sim momentos mais pausados, onde a furtividade é necessária e onde flashbacks são abordados, mas estes estão muito mais dinâmicos do que anteriormente e com novas possibilidades de gameplay. Os trechos com a Mary Jane, por exemplo, não estão mais tão monótonos e chatos, pois ela consegue atordoar e revidar contra alguns inimigos. Isso, inclusive, tem ligações com os acontecimentos de Spider-Man Miles Morales, então é muito bem encaixado. Foi uma boa solução para um trecho que era simplesmente chato e que toda vez que aparecia, me fazia suspirar de tédio.


O game parece manter um bom equilíbrio entre grandes sessões de ação desenfreada e momentos mais pausados e emocionais. Muitas reviravoltas são completamente inesperadas e bem-vindas a esse novo universo. Temos, inclusive, alguns personagens apresentados através de uma nova origem nessa história, mas com seus traços bem definidos e resgatados das HQ's de Spider-Man, Venom e Guerra Civil. Todas essas interações são reimaginadas para esse universo, mas alguns pontos e "eventos canônicos" se mantém fiéis às histórias em quadrinhos.

A história gira em torno do desejo de curar o mundo de Harry, o conflito existencial de Peter e o Simbionte, a luta incessante de Miles por salvar seus amigos e família, a redenção de certos personagens e a caçada brutal de Kraven na selva de pedra. Emocionante em cada um dos seus atos, esse jogo consegue manter um nível de tensão e curiosidade que faz com que seja possível jogar horas a fio sem perceber. O ato inicial e o ato final do jogo são de uma grandeza colossal, e a Insomniac realmente fez história em seus jogos; uma história que vai ser um desafio de ser superada num próximo game. Uma das melhores e mais emocionantes histórias do cabeça de teia até então, que me rendeu cerca de 18 horas de jogatina, sem me concentrar muito em missões secundárias, mas também sem correr para zerar.

No entanto, vale ressaltar que alguns personagens parecem estar no game apenas para "cumprir tabela", e possuem sessões muito rápidas e sem um grande aprofundamento. São alguns trechos de missões que você "só aceita" e continua, o que resulta em alguns personagens terem um peso de "aparecer para dar um oi". Uma pena, pois uma horinha a mais de história para cada um desses casos acabaria com a sensação de que encontraram uma "saída fácil" para eles. Não sei até que ponto seria interessante manter ou remover esses personagens dessa história em particular, então só fica o gosto de aperitivo sem prato principal nessas subtramas.

Conclusão

Marvel's Spider Man 2 é a experiência definitiva dos jogos do Homem-Aranha. Os recursos de nova geração permitem uma fluidez nunca vista na franquia, e a experiência de travessia de mapa é muito próxima da perfeição. Existem sessões maçantes no game, mas em número bem menor que anteriormente, e há uma clara intenção da Insomniac adaptar esses momentos para encontrar um equilíbrio. A história, apesar de alguns tropeços, acerta muito mais do que erra, e junto com a gameplay compõe o ápice entre os 3 jogos da franquia, o que tornou esse jogo o meu favorito do herói de todos os tempos. Se você é dono de um Playstation 5 e gosta do nosso querido "Miranha", esse jogo é uma parada obrigatória para você. Porém, recomendo fortemente que jogue os jogos anteriores para melhor entendimento do contexto e adaptabilidade.

Pros:
  • Mundo muito mais vivo e expansivo, com novos bairros e áreas customizadas à mão em cada canto.
  • Modos Desempenho e Fidelidade eficientes.
  • História e personagens clássicos reinventados de forma maestral.
  • Travessia muito aprimorada e recursos de fast-travel surreais.
  • Duração boa que equilibra bem o ritmo da jogatina.
Cons:
  • Mantém várias missões secundárias de coleta e de hordas de inimigos que não acrescentam tanto na história.
  • Perde a chance de criar side-quests com exploração de novas áreas, como o que vimos na DLC do Hammerhead do primeiro jogo.
  • Um pouco confuso com o novo sistema de recursos para upgrades, especialmente sobre como conseguir cada um.
  • Personagens que aparecem só pra cumprir tabela.
  • Ausência de um New Game+ no lançamento.

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